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Comparação entre a visão da medicina tradicional e a medicina chinesa sobre a próstata


por Gabriel Abreu


Introdução

A primeira dissecação relatada foi realizada na China no ano de 16 d.C. pelo imperador Wang Mang que ordenou a análise anatômica de um rebelde. Tal feito só ocorreu no ocidente após 1500 anos, fato primordial na diferenciação entre medicina chinesa e a medicina tradicional. Wang Mang impulsionou o estudo da anatomia na China, propiciando uma análise dos vasos e das vísceras. Dessa forma, distinguiram-se os meridianos, isto é, feixes neurovasculares que ligam as vísceras, termo base da medicina chinesa, diferentemente da medicina ocidental que se orienta em nervos e vasos sanguíneos. Portanto, uma visão baseada em diferentes orientações anatômicas determina análises clínicas divergentes, caso exposto na seguinte discussão sobre Hiperplasia Benigna de Próstata.


Próstata

A próstata é uma glândula, cuja secreção é acrescentada ao líquido seminal. Sua base está encostada no colo da bexiga e a primeira porção da uretra perfura-a longitudinalmente pelo seu centro, da base ao ápice. Sendo ligeiramente achatada no sentido anteroposterior, ela apresenta uma face anterior e outra posterior, e de cada lado, faces inferolaterais. Estruturalmente, a próstata é envolta por uma cápsula constituída por tecido conjuntivo e fibras musculares lisas e da qual partem finas trabéculas que se dirigem para a profundidade do parênquima. Participando de seu arcabouço, encontramos fibras musculares estriadas que parecem derivar do músculo esfíncter da uretra. O restante do parênquima é ocupado por células glandulares distribuídas em tubos ramificados, cuja secreção é drenada pelos ductos prostáticos, os quais se abrem na superfície posterior do interior da uretra, de cada lado do colículo seminal. 


Considerando a visão oriental, a próstata não é citada em livros e textos antigos, mas considera-se essa glândula análoga ao útero na literatura recente. Nesse contexto, os Vasos Governador (Du Mai), Concepção (Ren Mai) e Penetrador (Chong Mai) fluem pela próstata. Tais estruturas originam-se no Aquecedor Inferior, um sistema associado à distribuição de nutrientes e de hormônios. Dessa forma, os vasos relatados formam um complexo entre a próstata, hipotálamo e pituitária. Outros fatores importantes são a relação existente entre Rim e próstata, pois esse órgão origina a fertilidade (Tian Gui), e a conexão entre coração e próstata, já que ele faz a conexão do Qi (um tipo de energia primordial) entre os órgãos. Além disso, a próstata armazena essência (Jing), outra energia essencial a homeostase humana.

Visão da Hiperplasia Benigna da Próstata pela Medicina Tradicional

O tratamento ocidental é guiado por relaxantes musculares ou por medicamentos que impedem (ou diminuem) a hiperplasia prostática. A patologia afeta os elementos do tecido conectivo e glandular da próstata. O aumento da glândula alonga e distorce a uretra, obstruindo o fluxo de saída da bexiga. A musculatura da bexiga hipertrofia, de tal forma que uma pressão mais alta que o usual é gerada dentro da bexiga para superar a obstrução e permitir o esvaziamento da urina. Eventualmente, a bexiga torna-se dilatada e o músculo, hipotônico. O mecanismo do esfíncter na junção vesiculouretral pode ser prejudicado e pode ocorrer refluxo da urina da bexiga para dentro de ureteres e trato urinário superior.


Patologia da Hiperplasia Benigna da Próstata na Medicina Chinesa

Os textos antigos se referem ao tratamento de massas abdominais palpáveis, fato no qual a hiperplasia benigna de próstata (HBP) não se encaixa. Entretanto, os principais jornais e revistas especialistas em medicina chinesa consideram que essa massa não palpável deve ser tratada de modo análogo as massas palpáveis por meio de fitoterapia e acupuntura.


Dessa forma, a patologia está ligada a três principais fatores:

  • Deficiência de rim, baço e pulmão.

Segundo os chineses, esses três órgãos estão associados ao transporte, transformação e excreção de fluidos no aquecedor inferior. Assim, uma deficiência nesses órgãos cria acúmulo de fluidos na região prostática, resultando em umidade e fleuma. Além disso, fluido seminal é uma manifestação da fertilidade (Tian Gui), que se origina no Rim.


  • Estagnação da Essência (Jing)

Relacionada a problemas de cunho genital, envolvendo o esperma, já que a Essência está relacionada ao sistema genital masculino.


  • Estagnação de sangue

Resultado da estagnação Qi, pois há bloqueio de vasos originados no coração, impedindo a circulação dessa energia primordial

.

Dessa forma, o HBP é visto de uma maneira diferente pela medicina chinesa devido às propriedades e conexões atribuídas a essa glândula pelos orientais. Diferentemente do ocidente que propõem uma relação clara e exposta anatomicamente da próstata, a medicina chinesa entende o HBP considerando aspectos conceituais não relatados pela medicina tradicional, resultado de uma visão anatomofisiológica diferente.


Referencias Bibliográficas

MACIOCIA, Giovanni. A prática da Medicina Chinesa. Segunda Edição. São Paulo: Roca,2009


SCHNORRENBERGER, Claus. Anatomical Roots of Acunpuncture and Chinese Medicine. Swiss Journal of Integrative Medicine, Basel, 110-118, Março de 2013.


https://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-genital/sistema-genital-masculino/prostata/

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