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Diário de Anatomia: Rafael Sá

A anatomia, do grego, dissecção, enquanto disciplina bem estruturada desde o século XVI, quando houve a falência da ordem católica vigente e grandes nomes como Andreas Versalius e Leonardo Da Vinci passaram a, por meio da dissecção, explorar os órgãos e retratá-los em artes que sobreviveram ao longo dos séculos.


Mas anatomia, para a medicina, é muito mais do que a arte de dissecar e explorar os órgãos e cavidades do corpo, anatomia é utilizar os conhecimentos sobre o que existe naquela região e correlacionar com o método clínico. Por exemplo, a gente aprende que os focos de ausculta são no segundo e quinto espaços intercostais, mas saber isso é somente a ponta do iceberg: em um indivíduo eutrófico e na posição anatômica, pode ser difícil contar espaços intercostais, então é utilizado um outro marco anatômico, o ângulo do esterno, que separa o coração da saída dos grandes vasos da base.


Alguns sinais clínicos extremamente sem relação também podem ser tratados sob o ponto de vista anatômico. Por exemplo, é garantido que, dada nenhuma obstrução venosa adicional, o membro inferior esquerdo é sempre mais edemaciado que o direito. Novamente, por quê? Se você seguir o trajeto dos grandes vasos no abdome, notará que a Veia Cava inferior está à direita e a Aorta Abdominal está à esquerda. Ambos os vasos, em sua extremidade terminal, dão um par de vasos Ilíacos Comuns, que seguem para cada lado do corpo, o que cria um quiasma e, por ser menos elástica, a V. Ilíaca Comum Esquerda acaba sendo comprimida, criando um processo congestivo. Isso explica, por exemplo, porque um paciente pode chegar na clínica com Sinal do Cacifo positivo (um sinal que denota edema) apenas à esquerda.


Um último exemplo da importância do conhecimento anatômico para a vida clínica é um pouco mais direto: dor referida (surda, indefinida, o paciente não consegue apontar exatamente onde é o foco da dor) no ombro direito como um indicativo de colecistite. Um dos nervos centrais que cursam desde a região cervical até o fim do tórax é o nervo frênico. No caso do nervo frênico direito, ele pega carona com a Veia Cava Inferior, passando pelo seu hiato e chegando a região do fígado, onde por uma infeliz coincidência, caso exista um processo inflamatório (derivado de uma colescitite), acaba “irritando” o nervo, que acaba manifestando nas regiões atendidas pelos nervos somáticos que o formam (C3 a C5), correspondendo, aproximadamente, à região do ombro.


Com isso, podemos concluir que a anatomia é uma disciplina cujo conhecimento é imprescindível para a prática clínica e seu conhecimento pode vir a economizar muito tempo, dor e dinheiro daquela pessoa que juramos ajudar.

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