A anatomia causa uma transformação no aluno. Essa mudança pode ser dividida em dois aspectos: um deles é na vida acadêmica; o outro é subjetivo, na visão sobre o que representamos como pessoas. Esse processo é constante, é claro, mas essa é a percepção que tenho até agora.
O lado do estudo propriamente dito é surpreendente, principalmente pela forma como um sistema biológico pode exprimir organizações tão sistemáticas. A possibilidade de ilustrar o corpo humano em esquemas, compreender sua funcionalidade e dar sentido a emaranhados de tecido aparentemente aleatórios ao primeiro olhar é reconfortante. E se nos primeiros momentos parecia não existir sentido em memorizar nomes de inúmeras estruturas, não muito tempo depois percebi que é impossível falar uma língua sem dominar seu alfabeto. Visões como essa trazem à tona nosso mecanicismo, porém não englobam
tudo o que a anatomia significa.
A porção restante tem seu impacto óbvio evidenciado logo nos primeiros dias de ingresso do aluno na universidade. De repente, tenho em minha frente uma estrutura dedicada ao meu estudo, corpos que foram um dia outras pessoas vivas e que hoje tem a função de me instruir, pessoas dispostas a ir muito além da carga horária comum para garantir que eu conheça o que devo conhecer. Fatos como esse fizeram com que eu me questionasse em que momento as decisões necessárias para que isso fosse possível foram feitas, como é a vontade individual de cada pessoa envolvida nesse processo resultou na combinação que vejo? Por isso digo que essa oportunidade deve ser aproveitada por quem tem a chance, tenha suas próprias reflexões, chegue a suas próprias conclusões.
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