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RESUMO: ANATOMIA DA PAREDE ÂNTERO-LATERAL DO ABDOME APLICADA A ABDOMINOPLASTIA

                                                                                                                            Por Rafael Sá


O Brasil é um dos países que mais realiza cirurgias plásticas no mundo, correspondendo a cerca de 2 milhões de procedimentos em 2015, dos quais, cerca de 131 mil abdominoplastias, o quarto procedimento mais procurado[1]. Tal procedimento cirúrgico aumentou vertiginosamente nos últimos anos, sobretudo após o surgimento de indivíduos com grandes perdas ponderais, que visam eliminar o estigma deixado pela pele residual[2].


Embora seja um procedimento tão comum, a abdominoplastia apresenta uma alta taxa de morbidade decorrente da necessidade de um grande retalho onde os vasos perfurantes são seccionados, o que acarreta a perda de 80% do suprimento sanguíneo na região[3], assim o conhecimento da parede ântero-lateral do abdômen é fundamental para o sucesso da operação.


A parede ântero-lateral do abdômen contêm 9 estruturas essenciais para a abdominoplastia: as fáscias de Camper e Scarpa, a Linha Alba, a cicatriz umbilical e as artérias epigástricas superior e inferior,  ramos intercostais laterais perfurantes, subcostal e lombar.


Sob a fáscia de Scarpa correm as artérias epigástricas, que delimitam zonas em que essa estrutura deve ser preservada, se estendendo desde o processo xifoide até a cicatriz umbilical, com 7,5 cm lateral a Linha Alba[4]. A perda dessa estrutura acarreta em necrose tecidual e deiscência da sutura[2].


As artérias subcostal, lombar e intercostais laterais perfurantes, aproximadamente os flancos e hipocôndrios constituem zonas seguras para realização de uma lipoaspiração conjunta, garantindo um melhor resultado estético ao paciente[2].


Por fim, deve ser notado que o termo ‘’abdominoplastia’’ se refere a um de quatro procedimentos[2]: a abdominoplastia convencional, ou paniculectomia com cicatriz umbilical circunscrita, que se estende da região da sínfise púbica, descrevendo um elipse passando pela espinha ilíaca ântero-superior e pela margem superior da cicatriz umbilical; a paniculectomia sem cicatriz umbilical circunscrita, que segue o mesmo trajeto, mas ao invés de englobar a cicatriz umbilical, no meio do trajeto é feito uma curva que passará pela margem superior do hipogástrio (que corresponde a linha entre os tubérculos das cristas ilíacas); abdominoplastia inferior corresponde a elipse que circunscreve a sínfise púbica, a crista ilíaca ântero-inferior e a margem superior do hipogástrio; e a mini-abdominoplastia, que é feita através de uma incisão da região da sínfise púbica. Caso a abdominoplastia convencional seja escolhida, a cicatriz umbilical deve ser reposicionada para uma mais anatômica.


Portanto, pode-se notar que as abdominoplastias são procedimentos complexos, que envolvem um conhecimento vasto da parede abdominal, os vasos que a irrigam e os principais acidentes ósseos nas proximidades. 


REFERÊNCIAS

[1] International Society for Aesthetic Plastic Surgery. Statistics 2016. https://www.isaps.org/wp-content/uploads/2017/10/2016-ISAPS-Results.pdf . Acessado em 05 jun 2018

[2] Matarasso A. Abdominoplasty Classic Principles and Technique. Clin Plastic Surg 2014; 41:655-672

[3] Aston, Sherrell J. Cirurgia Plástica Estética / Sherrell J. Aston, Douglas S. Steinbrech, Jennifer L. Walden; [tradução Julia Assunção Costa e Costa… et al]. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2011

[4] Samra S, Sawh-Martinez R, Barry O, Persing JA. Complication rates of

lipoabdominoplasty versus traditional abdominoplasty in high-risk patients. Plast

Reconstr Surg. 2010 Feb;125(2):683-90

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